02 novembro 2014

Da Vinci e o Código Bananére: A propósito de certo passeio ao Hopi Hari

Da Vinci e o Código Bananére: A propósito de certo passeio ao Hopi Hari

A propósito de certo passeio ao Hopi Hari

Nesta quinta-feira passada, fui a uma escola da Zona Norte de São Paulo e, chegando lá, tive a desagradável surpresa de verificar que não havia aulas. O motivo da falta de alunos foi o que mais me surpreendeu: acontecia, na ocasião, uma excursão ao Hopi Hari.
Fala-se tanto em melhorar a educação no País, as manifestações de rua do ano passado bateram muito nessa tecla, todos os candidatos das últimas eleições apregoaram grande preocupação com o tema – e me deparo com quê? Com um passeio ao Hopi Hari em dia de aula.
O que há de contribuição cultural nisso eu não consigo ver.
O que me intriga, então, é a pergunta: quem ganha com tal iniciativa?
Os alunos eu diria que não! Somente foram ao passeio aqueles que puderam pagar a excursão e aos demais restou a opção de comparecer às aulas. Obviamente, não compareceram. Considerando que há uma favela nas proximidades da escola e que dela provém grande parte dos alunos, tem-se de cara uma forte exclusão dos menos favorecidos. Mais antipedagógico impossível.
Por enquanto, parece-me que saíram ganhando apenas o Hopi Hari, que vendeu os ingressos, e a empresa de turismo, que levou a criançada. Ou seja, uma jogada comercial prevaleceu sobre a educação. Quem mais?

Não sei detalhes de onde veio o dinheiro para pagar os ônibus, mas isso pouco me importa, nem pesquisei para saber. Tampouco estou interessado em partidarizar o tema. Apenas acho tudo isso muito estranho e lamento que num simples episódio como esse a educação tenha ido mais uma vez para o ralo. 
A falta de seriedade vem à tona em episódios como esse.