Na internet e em jornais e revistas, tenho lido muitas difamações contra ambos os candidatos. Não me pauto por nenhuma delas para fazer minhas escolhas.
Reconheço em Dilma uma grande capacidade administrativa. De sua história, eu não conheça nada além do que a propaganda oficial divulga. Propaganda oficial é sempre uma forma parcial de mostrar fatos e isso não me deixa satisfeito. Dá para perceber que se trata de uma pessoa muito exigente em relação ao que faz e isso é bom. Mérito para Dilma.
Mas ela representa a continuidade de um governo que, embora tenha feito avanços nas políticas sociais, imbuiu-se de tal arrogância que nega todos os avanços anteriores e nos quais se baseou.
A negação sistemática, feita por Lula, de tudo o que veio antes o elevou a índices de popularidade inéditos. Mas, fruto de uma mente autoritária que reverencia todos os ditadores que conheceu, ela se baseia também na repetitiva afirmação de inverdades.
Lula dá-se ainda o direito de zombar da Justiça, fazendo escárnio publicamente até de decisões do Supremo Tribunal, e nada acontece. Só a sua verdade vale.
Hábil orador, distorce o sentido das palavras para lhes atribuir um significado conveniente, que venha em socorro de seus companheiros pegos em atividades ilícitas. Com ele, caixa-dois deixa de ser crime, vira tradição e nada mais acontece. Corruptos e corruptores tornam-se apenas aloprados e nada mais acontece.
Mas ele próprio corrompeu o sindicalismo ao torná-lo servil ao seu projeto de poder. Há cerca de um ano ou mais, Lula “premiou” os grandes grupos sindicalistas com 100 milhões de reais a fundo perdido, sem a contrapartida da prestação de contas. Agradecidos, hoje os grandes líderes sindicais sobem ao palanque com Lula e Dilma. Minha memória se recusa a esquecer a pergunta que Lech Walesa, o líder do movimento polonês Solidariedade, fez um dia a Lula: “Mas vocês, no Brasil, misturam sindicato com partido político?” Misturam, sim, e com o dinheiro das mensalidades e anuidades dos sindicalizados, não importando a que partido estes pertençam. Isso é um erro essencial, gravíssimo, mas o País já se acostumou a essa distorção ética. Minha contribuição mensal e anual, por exemplo, pagou parte de recente manifestação do Sindicato dos Jornalistas em prol de Dilma.
E contra o quê se manifestava o sindicato? Contra o golpismo midiático! É muita ironia. O fato é que a censura corre solta no governo Lula, com tendência a piorar! O Grupo Estado, que nos tempos da ditadura publicava versos de Camões ou receitas culinárias para assinalar os trechos censurados, hoje sofre a censura imposta pelo clã Sarney, cujos desmandos impingem ao seu Estado o pior IDH do País. Mas Sarney apoia Lula e coincidentemente a censura não acaba. O próprio Lula tentou extraditar o jornalista Larry Rohter porque não gostou de ser mostrado como alcoólatra por este. A censura aos meios de comunicação é uma ideia fixa do atual governo.
O aparelhamento do Estado tornou-se uma realidade, apoderando-se dos cargos públicos e se achando no direito de distribuí-los aos companheiros, não importando se têm competência ou não. Competência, afinal, é um conceito demonizado, porque implica direitos e deveres. Uma só coisa interessa: direitos. Deveres dão trabalho!
Surpreende ver como até Chico Buarque caiu na demagogia fácil ao afirmar que “este governo não fala fino diante de Washington, nem fala grosso diante da Bolívia e do Paraguai”. Isso é discurso de porta de fábrica.
A arrogância de Lula vem de um sentimento de inferioridade que ele nunca superou e que inconscientemente projeta nos outros, chamados vagamente de “eles”. Só não consegue esconder o incômodo que lhe causa ouvir falar em FHC. Chega a saltar da cadeira, nessa hora. Valha-nos Freud!
Das bobagens que li ultimamente, a maior delas dizia “Se Dilma ganhar, haverá golpe”. Talvez fosse um dilmista aterrorizado.
Se Serra ou Dilma ganhar, não importa, o Brasil continuará crescendo. No segundo caso, porém, pelo que mostram os fatos atuais, progressivamente irão sendo calados os meios de comunicação. Haverá então uma única voz e verdade: a versão oficial.
Felizmente, se Serra ou Dilma ganhar, não importa, sempre haverá gente lutando por um país melhor e mais justo, sempre haverá gente trabalhando – e muito! – pelo bem da coletividade. Isso independe da vontade pessoal de qualquer um dos dois.
É bom lembrar que o ganhador levará apenas pouco mais da metade dos votos.
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