Entre os projetos aprovados pela
Câmara dos Deputados no primeiro semestre está a Lei 13.006/14, de 26 de junho,
que torna obrigatória a exibição de filme nacional nas escolas de Educação Básica.
Ali está, ipsis litteris, no Art. 26, § 8º: “A exibição de filmes nacionais constituirá componente curricular complementar integrado à proposta pedagógica da escola,
sendo sua exibição obrigatória por, no mínimo, 2 (duas) horas mensais”.
O absurdo da proposta nada fica a
dever à justificativa dada pelo autor do projeto, o senador Cristovam Buarque,
do PDT, que argumentou: “O Brasil precisa criar o gosto pelo cinema e ampliar a
indústria cinematográfica”. O pior é que toda a argumentação subsequente do
senador insiste apenas na necessidade de fortalecer tal indústria – ou seja, o aspecto
econômico prevalece, e muito, sobre o da educação.
Não sei a quais interesses do mercado
serve esse projeto (que é de 2008) do senador, nem qual é o ganho político dele
com isso, mas dá para perceber que educação não tem prioridade no seu
raciocínio.
Não custa lembrar, ainda, que o
projeto do senador foi aprovado pela Câmara dos Deputados, o que equivale a
dizer que há muito mais cabeças coroadas dando pleno aval a essa patacoada
toda.
Enquanto isso, o Brasil vai apanhando,
mais uma vez de 7x1, no ranking internacional do Pisa (sigla inglesa do Programa
Internacional de Avaliação de Estudantes). Em 2012, informa o Estadão, num ranking de 65 países, o
Brasil ficou em 55º lugar em leitura, 58º em matemática e 59º em ciências.
Faço trabalho voluntário em duas
escolas da rede pública de ensino e fico pasmo de ver como há tantas crianças com
idade acima de 13 anos que mal sabem ler nem escrever. Algumas são
completamente analfabetas e dão impressão de estarem chegando à escola pela
primeira vez.
Esse é o quadro que temos que
reverter – e urgentemente. Dá quase para dizer que uma geração de estudantes já
se perdeu. Vamos lutar pela próxima!
A indústria cinematográfica que se
vire, arrume patrocínios, faça filmes de qualidade e encha as salas de cinema
pelo atrativo dos resultados. Escola não é para isso!
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