Volta e meia leio alguma matéria nos jornais e, dentro dela, uma citação de frase ou palavra em outro idioma. Não sei por que cargas d´água, com frequência a citação vem errada.
Lembro-me de certa coluna de FHC no Estadão que terminava com o famoso verso da "Divina Comédia": Lasciate ogna speranza voi che entrate. Nem imagino de onde surgiu aquele ogna, como se fosse um adjetivo feminino. Acontece que o correto é ogni, uma palavra tão invariável em italiano como é, por exemplo, cada em português.
O verso citado é um pouco diferente, com vírgula e apóstrofo, inclusive: Lasciate ogni speranza, voi ch´entrate. Um pouco diferente, não?
Como hoje impera o hábito de copiar-colar, sem checar a fonte, é só entrar no Google para verificar como há um exército de textos apoiados num canhestro ogna.
Hoje leio no mesmo jornal uma pequena notícia de que, na Argentina, já se escolheu um novo profeta para adivinhar resultados dos jogos de futebol: um asno. Seria o substituto do polvo Paul, que adivinhou todas na última copa. Aí o redator achou bonito citar a classificação científica do asno em latim e sapecou: eqqus africanus asinus. O correto seria Equus africanus asinus.
Enquanto isso, revisores vivem à deriva no mercado de trabalho -- sobretudo agora que corrigir erro gramatical pode configurar preconceito linguístico. Talvez linguisticus também, se o erro vier em latim.
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