Num conto de humor que escrevi há anos e nunca publiquei, chamei de Raciocínio Americano certa forma de argumentação baseada numa comparação arbitrária. O “americano” aí entra por conta do hábito cultural americano mesmo de fazer gracinha tecendo comparações descabidas mas com a intenção de parecer, com isso, dar uma informação objetiva.
David Ogilvy (1911-1999), por exemplo, que é considerado um dos grandes gênios da publicidade, também escorregou no Raciocínio Americano em sua autobiografia: comparou o rosto de um dos personagens do livro a algo como “um sapo amanhecido”. Bobagem total! Alguém reconheceria na rua uma pessoa por ter sido ela descrita como um “sapo amanhecido”?
Tudo isso me veio à mente ao ler a notícia de que um juiz de Goiás anulou uma união gay e, na argumentação, afirmou que reconhecê-la é o “mesmo que admitir que um determinado vocalista de banda de rock fizesse a exposição de seus órgãos íntimos em público”.
Sem entrar no mérito da questão, convenhamos: dá para fundamentar um parecer jurídico com uma comparação desse naipe?
Eta Raciocínio Americano!
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